O isolamento social acentuou nossa relação emocional com os alimentos


O distanciamento social promoveu, a princípio, dois comportamentos distintos no nosso padrão alimentar e de consumo de bebidas. Como foi para você? Sua ingestão alimentar foi maior que antes da quarentena? Você comeu mais doces? O que mudou?

A maioria dos estudos revelam que adotamos comportamento hedônico, sendo permissivos e generosos conosco nas porções, nas frequências e nas escolhas alimentares em momentos de grande ansiedade.

Alguns autores relatam esse padrão hedônico com a imprevisibilidade e possível “gratificação” com a ingestão de alimentos saborosos. Aqui começa essa interessante história. Quando estamos com nossa mente voltada para o futuro e, de alguma forma não temos as respostas do que será (nunca temos, porém, as vezes acreditamos que temos) diversos neurotransmissores são alterados no sistema nervoso central. Dentre eles teremos a redução das concentrações cerebrais de serotonina. Esse neurotransmissor está associado com a sensação de bem estar. Acontece que, quando ingerimos alimentos mais ricos em gordura, favorecemos a síntese desse neurotransmissor no nosso cérebro. É claro que a nossa escolha não é voluntária como: “nossa estou tão ansioso que preciso de uma manteiga”. Porém nossa escolha inconsciente está associada com as nossas experiencias de vida. Vou explicar melhor. Imagine que, na primeira vez da sua vida que você estava ansioso,  consumiu um pedaço de chocolate. Poucos minutos depois sua ansiedade diminui. Essa informação, não racional, fica armazenada em uma região denominada sistema límbico. O aroma, o sabor e sensação, após comer o chocolate estão devidamente catalogados e arquivados nessa região.

Na próxima vez que sua ansiedade, por qualquer motivo, der as caras, essa memória será resgata do arquivo e pronto, lá vai aquela barrinha suculenta, marronzinha e perfumada de cacao.

Você deve estar perguntando, ok Lancha e o que eu faço com essa informação? Quando se pegar com vontade de consumir algum alimento com grande quantidade de gordura, pergunte para você mesmo: “por que estou com vontade de comer esse alimento?” Essa manobra, irá colocar uma parte racional do seu sistema nervoso central “vigiando” o sistema límbico. Pense qual atividade poderá te dar tanto prazer como o consumo de chocolate. Vou te dar o meu exemplo. eu adoro cuidar das minhas plantas, aprendi com a minha avó e meu avô. Isso me relaxa muito. Pense nas coisas da sua vida que podem entrar nesse lugar, relaxando você. Não se assuste se a vontade reduzir ou até desaparecer.

Durante esse período de confinamento, esse padrão pode ter se repetido em sua vida. Aproveite essas situações para treinar outro comportamento alinhado com o seu projeto de emagrecer e, quando esse alimento for de fato um desejo, dissociado das ansiedades do dia, vá e aproveite esse alimento com calma, saboreando-o lentamente.

 

Antonio Herbert Lancha Jr – Vítria Seguros

Bacharel em Ed. Física – USP
Mestrado e Doutorado em Nutrição – USP
Pós- doutorado em Medicina Interna – Washington University

 


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