não é só de comida que se engorda, o bairro onde moramos também


Ao longo de décadas, diversas “dietas milagrosas” surgiram, muito embora não tenha sido constatado qualquer milagre do emagrecimento. Basta lembrar que nos últimos 33 anos, nenhuma nação do planeta apresentou dados de redução do sobrepeso e obesidade (Lancet). Assim, nenhuma dieta funciona, certo? Então como podemos pensar nesse fato? Publiquei há alguns meses um artigo intitulado “A Maçã que Engorda” . Nele descrevi a economia energética que adquirimos com a tecnologia. A vida moderna é barata energeticamente e mais confortável que antigamente. Esse fato é democrático para qualquer atividade profissional, das mais artesanais as mais tecnológicas possíveis.

Agora o fato novo, apresentado no último American College of Sports Medicine – a vida em bairros mais residenciais comparada com bairros integrados ao comércio e serviços, favorece o ganho de peso.  Acredito que você deva estar pensando: mas como? Sempre que visito um amigo em um condomínio fechado encontro pessoas correndo, pedalando, andando de skate e patins. Pois é; esse ambiente favorece a atividade programada dirigida para a melhora da capacidade física. Sem dúvida esses ambientes ajudam muito neste sentido. Agora as atividades do dia a dia ficam ligadas ao uso do carro. Assim, essa população se desloca menos a pé, usa menos transporte público e apresenta menor gasto calórico diário.

Podemos com isso, olhar para nossa vida com dois aspectos, embora semelhantes, que apresentam objetivos distintos. O treinamento físico e a atividade espontânea diária. O treinamento possui fim em si próprio que é melhorar nossa condição física. Já a atividade diária tem por fim gastar a energia que a tecnologia nos provém. Me lembro que certa vez fui a uma reunião que aconteceria no 20 andar e o cadastro ocorria no 16 andar do edifício. Tive a oportunidade de subir 4 andares de escada. Esse é o fato, se olharmos para o nosso dia a dia, perdemos diversas oportunidades de caminhar, subir escada e etc, com a desculpa de estarmos atrasados. Basta trocar o chip e pensar: se estamos atrasados a pontualidade já não é um predicado, o que podemos então tirar de benefício?

Voltando ao bairro onde você mora, se ele é mais residencial, não precisa mudar de casa para emagrecer. Podemos aproveitar as oportunidades do nosso dia. Usar escadas, evitar as rolantes e os elevadores. Na hora do almoço procurar restaurantes uma quadra adiante, parar o carro mais distante e etc. Além disso um hábito que vi surgir na última manifestação dos caminhoneiros, foi o estoque de alimentos em casa. Evidente que foi um fato isolado, porém essa prática diminui nosso gasto energético por estarmos confinados em um ambiente farto de alimento. Embora não pareça, essa atitude diminui a necessidade de sair de casa, locomoção e gasto calórico diário. Via de regra somos generosos conosco com a nossa alimentação – ah é só um chocolatinho. E somos também generosos com nosso conforto reduzindo nosso gasto calórico – ah estou atrasado e vou esperar o elevador. Engordamos nos pequenos gestos cotidianos e não em grandes atitudes isoladas. Emagrecer é pensar na forma que vivemos e não procurar um responsável por isso. Aproveite as oportunidades do seu dia para emagrecer de forma sustentável.

 

Por Antônio Herbert Lancha Jr 

Bacharel em Ed. Física – USP
Mestrado e Doutorado em Nutrição – USP
Pós- doutorado em Medicina Interna – Washington University

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